terça-feira, 30 de março de 2010

Sobre o tempo

Tempo, tempo, tempo...
Horas, minutos, dias, semanas, meses, anos, segundos. Cedo ou tarde, rápido ou devagar. É tudo uma questão de tempo. Maior subjetividade não existe.
Tempo é momento, distância, dinheiro. Ele para quando quer e corre de tal forma que às vezes torna-se difícil ver passar.
Ele vai e não volta, mas muda e lembra a gente do que passou de forma tão semelhante que parece uma viagem ao passado.
Escorre pelas mãos, cura a tristeza e aumenta a saudade.
Mas ele passa, nunca deixa de passar. E no centro dele, estamos nós, rodeados de gente que vira tempo. Tempo que fica, tempo que sai, tempo que muda, tempo que acaba, tempo que sorri, tempo que foge, tempo que gruda... tempo!
Meu tempo, seu tempo, nosso tempo: o meu que não é o seu, o seu que não é o meu e o nosso que não é o meu nem o seu, mas é outro, e é nosso.
Tempo de esperar, tempo de arriscar, tempo pra jogar fora. Perder tempo, ganhar tempo.
Tempo, tempo, tempo...


"Tempo, tempo mano velho, falta um tanto ainda eu sei
Pra você correr macio..."

domingo, 28 de março de 2010

Para falar dos detalhes que ainda não contei - Parte I

Ela estava perdida, mas parecia suficientemente segura de si. Final de ano, cansada dos livros e das mesmas pessoas de sempre. Intercalando os estudos – o suficiente para passar e só – com a tentativa de um novo relacionamento. Não era arrebatador, na verdade causava sono e tédio. Ela sabia que nunca daria certo, mas naquelas alturas ela já não tinha tantas fichas assim para apostar.
Foi com tudo, inclusive com a preguiça que contrabalanceava a vontade de experimentar algo novo. O gosto não era bom, mas também não era ruim. Sem graça, cor de bege com amarelo claro, bem clarinho.
Ela já sabia, nada de surpreendente.
Num sábado pela manhã, cansada de tanto bege, resolveu arriscar o pedido: “pai, tem festa hoje à tarde...” – o pai fez cara de reprovação e voz de durão, mas ela sabe que no final das contas ele sempre diz que sim.
Algumas roupas para fora do armário, cabelo molhado; sem idéia do que vestir, qual presente levar e uma falta de paciência considerável com o sacador que ela teria que enfrentar.
Roupa escolhida, cabelos secos, maquiagem leve, presente improvisado: “mãe, a roupa tá boa?”
“Ah, não! Coloca aquela!”
Raiva passageira, ela odeia quando a mãe não aprova as roupas depois de horas para efetivar a escolha. Tudo bem, havia a segunda opção.
Chegou cerca de uma hora e meia após o horário; atraso necessário. Cumprimentos, cumprimentos e um singelo parabéns. O sol perturbava naquela tarde, mas a coca-cola deixava as coisas um pouco mais fáceis.
Fofocas em dia, ela descobre o quão cedo teria que voltar para casa. Não faria o mínimo sentido ficar ali sozinha depois que as amigas fossem embora. Arrependeu-se por ter ido com uma das suas melhores roupas – “para tão pouco tempo!”. Porém, ainda passaria mais algumas horas ali, curtindo o som de um DJ absurdamente abraçável – ela sempre gostou dos cheinhos.
Pequena taxa de mau humor, um colega que não resiste a piadas desnecessárias e uma ou outra risada sincera.
Almoço ao som de forró – o ouvido agüenta, mas os pés não permitem nada mais além de uma balançadinha embaixo da mesa. Algumas pessoas novas, o calor ainda persistia. Um elogio duvidoso e divertido; uma risada sem graça e somada às sinceras. Hora de ir para casa.
Alguns dias depois, como de costume, ela gastava seu tempo na frente da tela do computador – nem ela mesma acredita no tempo que perde ali, vidrada. Achou, sem querer, o rapaz do elogio duvidoso nas bagunças do Orkut.
Deixou um “oi”, para não parecer mal educada, mas não tinha a mínima idéia de como se identificar. Pensou que deveria bastar o “oi”.
Alguns recados depois, o MSN “ganhou graça” dali pra frente. E o bege começou a sair de cena...

terça-feira, 9 de março de 2010

Monstro de 64 cabeças

A bola da vez chama-se Vestibular e, ao som de Alphaville (dessa vez não é “Forever Young” ), permito-me tocar nesse assunto que satura todas as minhas manhãs, minhas tardes, minhas noites e minhas madrugadas. Sim, isso tem me atormentado até enquanto durmo – ou não durmo por estar atormentada demais.
Comecei este ano sentindo a minha preparação insuficiente para encarar o monstrinho verde chamado Vestibular. Estou empurrando goela abaixo essa adaptação ao mesmo tempo em que vejo minhas olheiras crescerem cada vez mais.
Meu problema não é a escolha do curso, dessa eu me safei. Minha decisão é praticamente fixa desde a sexta série, quando as aulas de História me conquistaram. Com o tempo comecei a ver com mais clareza que minha vontade pela História não era só encanto, afinal, entro num museu e gasto mais sorrisos do que fazendo compras no shopping; acho um livro ou uma revista com aquele cheirinho de velharia, viro e reviro aquelas páginas com mais ansiedade e curiosidade do que ao comprar a Vogue do mês e querer logo chegar em casa para arrancar o plástico.
Mesmo relativamente tranqüila com a minha escolha, ainda é assustador assistir aulas de matemática, biologia e física e ver que muita coisa que pra mim sempre foi “x”, agora vira “y”, “sem quê nem pra quê”.
A maratona de aulas num combo “manhã e tarde”, impedem o soninho pós-almoço e obrigam o estudo da noite que eu sempre me recusei a executar.
A rotina muda, a cabeça muda. Todo mundo pira. É assim, não adianta tentar fugir. Agora é encarar a montanha de livros e preparar para gastar uma infinidade de grafites e borrachas.
Abraço a causa, ainda acredito na credibilidade de sacrifícios.