domingo, 28 de março de 2010

Para falar dos detalhes que ainda não contei - Parte I

Ela estava perdida, mas parecia suficientemente segura de si. Final de ano, cansada dos livros e das mesmas pessoas de sempre. Intercalando os estudos – o suficiente para passar e só – com a tentativa de um novo relacionamento. Não era arrebatador, na verdade causava sono e tédio. Ela sabia que nunca daria certo, mas naquelas alturas ela já não tinha tantas fichas assim para apostar.
Foi com tudo, inclusive com a preguiça que contrabalanceava a vontade de experimentar algo novo. O gosto não era bom, mas também não era ruim. Sem graça, cor de bege com amarelo claro, bem clarinho.
Ela já sabia, nada de surpreendente.
Num sábado pela manhã, cansada de tanto bege, resolveu arriscar o pedido: “pai, tem festa hoje à tarde...” – o pai fez cara de reprovação e voz de durão, mas ela sabe que no final das contas ele sempre diz que sim.
Algumas roupas para fora do armário, cabelo molhado; sem idéia do que vestir, qual presente levar e uma falta de paciência considerável com o sacador que ela teria que enfrentar.
Roupa escolhida, cabelos secos, maquiagem leve, presente improvisado: “mãe, a roupa tá boa?”
“Ah, não! Coloca aquela!”
Raiva passageira, ela odeia quando a mãe não aprova as roupas depois de horas para efetivar a escolha. Tudo bem, havia a segunda opção.
Chegou cerca de uma hora e meia após o horário; atraso necessário. Cumprimentos, cumprimentos e um singelo parabéns. O sol perturbava naquela tarde, mas a coca-cola deixava as coisas um pouco mais fáceis.
Fofocas em dia, ela descobre o quão cedo teria que voltar para casa. Não faria o mínimo sentido ficar ali sozinha depois que as amigas fossem embora. Arrependeu-se por ter ido com uma das suas melhores roupas – “para tão pouco tempo!”. Porém, ainda passaria mais algumas horas ali, curtindo o som de um DJ absurdamente abraçável – ela sempre gostou dos cheinhos.
Pequena taxa de mau humor, um colega que não resiste a piadas desnecessárias e uma ou outra risada sincera.
Almoço ao som de forró – o ouvido agüenta, mas os pés não permitem nada mais além de uma balançadinha embaixo da mesa. Algumas pessoas novas, o calor ainda persistia. Um elogio duvidoso e divertido; uma risada sem graça e somada às sinceras. Hora de ir para casa.
Alguns dias depois, como de costume, ela gastava seu tempo na frente da tela do computador – nem ela mesma acredita no tempo que perde ali, vidrada. Achou, sem querer, o rapaz do elogio duvidoso nas bagunças do Orkut.
Deixou um “oi”, para não parecer mal educada, mas não tinha a mínima idéia de como se identificar. Pensou que deveria bastar o “oi”.
Alguns recados depois, o MSN “ganhou graça” dali pra frente. E o bege começou a sair de cena...

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