sábado, 3 de abril de 2010

Para falar dos detalhes que ainda não contei – Parte II

Ela, aos poucos, começou a ansiar pelas noites na frente da tela, pela janelinha que subia no cantinho do lado direito. O modo de dizer “olá” sempre carinhoso e fácil, agradável aos olhos e aos dentes que não se continham escondidos atrás dos lábios. Era diferente; diferente dos indiferentes que a cercam no dia-a-dia. Engraçado, autêntico, sutil e com boas músicas para somar ao “top 100” dela. Cada vez mais surpresa ela ficava; cada dia um sorriso a mais arrancado com o jeito divertido, curioso e inteligente daquele rapaz escrever. Poderia ficar ali trocando dígitos por horas, descobrindo devagar os milhares de pontos em comum. Hábitos estranhos para a idade faziam parte do mundo dele como faziam do dela: o jogo de buraco, a pipoca doce, o sorvete com bolo, o café com biscoitos e uma mania incontrolável de escrever e pensar sobre tudo.
Tornou-se parte fundamental do dia, muita informação em pouco tempo. Vontade de contar da vida, “abrir o coração” sem medo, pedir ajuda ou conselho. Sem esforço algum ela conseguia ser real com ele, sem fingir, sendo apenas o que era, nem mais, nem menos, e só.
Ela não entendia tamanha conexão, mas ainda não se focava nisso. O foco ainda era bege e sem graça.
Um convite para um almoço no dia seguinte, antes de uma prova de física às duas.
Era uma quinta qualquer, um dia qualquer e um nervosismo pré-prova-de-física qualquer.
Terminou a aula, ela temeu que ele pudesse ter se esquecido do que haviam combinado na noite anterior. Ela tinha medo de que as palavras não fluíssem ao vivo como fluíam no virtual. O som, não mais a leitura...
Ele não se esqueceu; eles foram até a padaria e compraram o sanduíche. Assentaram na escadaria de uma academia que ficava ao lado. O papo esteve agradável como sempre, e mesmo com uma timidez levemente disfarçada, ela soube como deixar fluir aquelas horas por ali.
Meiaram fones e telefones; música e um SMS que ela riu e não entendeu.
Com o fim do horário de almoço, não poderia ser diferente, mas ainda assim foi surpreendente, o rapaz teve a gentileza de levá-la até o local da prova.
Ela fez a prova com tanta calma que, até hoje não sabe como, fechou a prova de física.

Um comentário:

  1. Ei querida. Tudo bom? Hahaha, vi seu comentário em meu blog, e amei..Primeiro, muitíssimo obrigada!
    Segundo, seu blog é ótimooo..O texto acima me prendeu por completo, e consegui me sentir ali, todas essas ânsias que nos causam as converas informais e instantâneas, e enfim, algumas dores também..Estás pelo caminho certo!
    Beijoca!

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