sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Piloto automático

O tempo está passando rápido demais.
É possível lembrar como se fosse ontem, quando as férias pareciam longas demais, quando a madrugada passava devagar, quando a parte da tarde era o tempo mais que necessário para correr, brincar, estudar e ainda ver um pouco de TV.
Por que o tempo parece correr mais agora? O que de fato mudou nas nossas vidas?
O dia continua com 24h, as horas continuam com 60 minutos... então, por que nos perdemos tanto no tempo ultimamente? As horas parecem correr da gente.
Acordo às 10, tomo café, arrumo o quarto e quando olho já são duas da tarde.
Será por isso que as pessoas não param mais para nos responder a localização das ruas, o horário, ou simplesmente para nos dar um sorriso ou pedir licença?
Não que eu esteja fora do time dos “focados”, dos que não mudam a rotina nem para ajudar uma senhora com as compras, mas me pergunto até onde iremos nos tornando escravos do tempo.
A busca pelo o que é mais prático virou regra. Não nos entregamos a nada nem a ninguém para evitar uma possível perda de tempo futura; não andamos mais a pé, não agradecemos ao atendente da loja, não paramos nem ao menos para assentar e almoçar.
Há pressa para tudo: amar, ganhar, perder, ir, voltar, comer, ouvir, falar, escovar os dentes, lavar as mãos, dormir, acordar, pensar, agir, casar, separar, cozinhar, escrever e até mesmo relaxar.
E nisso perdemos as boas risadas, os bons amigos, as boas experiências, as boas oportunidades... perdemos o sentido real da palavra “viver”, que passa a significar somente nos manter vivos fisicamente, sem desejos, sem sonhos, sem vontades e só com obrigações e tarefas que passamos a exercer como robôs.
Perdemos a paixão, perdemos o frio na barriga, perdemos a vontade de tentar; ganhamos o comodismo, a praticidade e a segurança de que quando não há tentativa, não há também erro.
O que nos dá esperança é ver que ainda há aqueles que se recusam a acompanhar o ritmo geral e criam um ritmo pessoal.
Devemos às vezes jogar fora as armas da razão, correr o risco de errar e talvez sorrir um pouco mais e até mesmo chorar um pouco mais. Temos que nos empenhar em voltar a ser mais humanos.

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